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Clima do Brasil sofre interferência direta da Antártica.

04/02/2013 20:58

 

Clima do Brasil sofre interferência direta da Antártica

 

 

Entender o clima no Brasil é uma das razões para estudar a Antártica. Embora o continente gelado pareça remoto e isolado, ele está diretamente ligado à variabilidade climática no país. Saber o que está acontecendo lá é fundamental para uma boa previsão meteorológica por aqui, explicam os cientistas.

- Esse era um erro do passado, esse mito do tropicalismo brasileiro, de achar que o país está totalmente dissociado dos processos do resto do planeta - explica o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências, um dos coordenadores científicos do Proantar. - Hoje está muito claro que não existe um sistema climático centrado nos trópicos, existe a circulação atmosférica, tudo está relacionado às regiões polares. Para entendermos a variabilidade climática e melhorarmos a previsão meteorológica precisamos entender o que acontece na Antártica. Até mesmo o que acontece no Ártico nos afeta.

Clima do Brasil sofre interferência direta da AntárticaUm outro ponto estratégico para o Brasil é a pesquisa geológica no continente, como aponta Simões.

- A abertura do Atlântico Sul, o desenvolvimento das bacias, todos os recursos de óleo e gás existentes na região estão associados à separação dos continentes, à separação da Antártica da América do Sul e da África - afirma. - E agora estamos reestruturando o programa científico para procurar conexões entre o ambiente da Antártica e o da América do Sul. Queremos trazer a Antártica ao cotidiano dos brasileiros. O programa de pesquisa tem que responder questões, resolver problemas.

O papel da Estação Comandante Ferraz no programa também está mudando, segundo Simões. A ideia é que apenas algumas pesquisas fiquem concentradas nos módulos, sobretudo as mais estáticas, que não demandam muito deslocamento, como o monitoramento da camada de ozônio e das radiações. Outras, como glaciologia, organismos do gelo, astronomia, astrofísica demandam deslocamentos para o interior do continente. Cada vez mais os brasileiros estão avançando, ficando em acampamentos.

- A Ilha Rei George (onde fica a estação) é o portão de entrada na Antártica - diz Simões. - Às vezes é difícil para o leigo entender, mas o que eu sempre enfatizo, a ilha fica a 3.100 quilômetros do Polo Sul geográfico, é a mesma distância do Rio a Belém.

Hoje, 60% da pesquisa do programa antártico não passam pela estação. Por isso, embora o incêndio tenha prejudicado a continuidade da coleta de dados, na estação, muitos estudos continuaram.

O Globo, 23/012013 - Roberta Jansen

 

 

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