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GLACIAR

 

Fontes: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 

Geleira (português brasileiro) ou glaciar (português europeu) é uma grande e espessa massa de gelo formada em camadas sucessivas de neve compactada e recristalizada, de várias épocas, em regiões onde a acumulação de neve é superior ao degelo. É dotada de movimento e se desloca lentamente, em razão da gravidade, relevo abaixo, provocando erosão esedimentação glacial.

As geleiras ou glaciares podem apresentar extensão de vários quilômetros e espessura que pode também alcançar a faixa dos quilômetros. A neve que restou de uma estação glacial dá-se o nome de nevado (usa-se também o termo alemão Firn e o francês nevé). O nevado é uma etapa intermediária da passagem da neve para o gelo. À medida que se acumulam as camadas anuais sucessivas, o nevado profundo é compactado, recongelando-se os grânulos num corpo único.

O gelo das geleiras é o maior reservatório de água doce sobre a Terra, e perde em volume total de água apenas para osoceanos. As geleiras cobrem uma vasta área das zonas polares mas ficam restritas às montanhas mais altas nos trópicos. Em outros locais do sistema solar, as grandes calotas polares de Marte rivalizam-se com as da Terra.[1]

Dentre as características geológicas criadas pelas geleiras estão as morenas, ou moreias terminais ou frontais, mediais, de fundo e as laterais, que são cristas ou depósitos de fragmentos de rocha transportados pela geleira; os vales em forma de Ucircos em suas cabeceiras, e a franja da geleira, que é a área onde a geleira recentemente derreteu.

 

Etimologia

português geleira, do século XIX, preferível ao castelhanismo ventisqueiro e diferentemente do galicismo glaciar, é derivado do português gelo (do latim gelu, 'gelo, geada, frio intenso') e o sufixo -eira, que, no caso, traduz a ideia de 'intensidade, aumento, acúmulo'. O espanhol hielo, 'gelo', de 1220-1250, permite datar o português gelo no século XVI, ainda que seu primeiro registro seja o do dicionário de António de Morais Silva (1813).[2]

Embora predomine na América Hispânica (principalmente na Argentina) e no português europeu o galicismo glaciar, do século XX, o vocábulo espanhol que traduz o português geleira é vestiquero, do século XVII, derivado do espanhol viento, de fins do século X, do latim ventus, 'vento'.

francês glacier, de 1572, que passou ao inglês glacier, de 1744, deriva do francês glacelatim vulgar glacia, latim glacies, 'gelo'. Palavra dos falares alpinos, o francêsglacier torna-se usual a partir do século XVIII, quando ainda concorre com glacière, de 1640, hoje obsoleto nesse sentido.[3] O italiano ghiacciaio e o alemão Gletscher(desde o século XVI), ambos 'geleira', ganham curso no século XVIII como derivados do latim glacies.

 

Tipos

Foz da geleira de Schlatenkees perto de Innergschlöß, Áustria.

Segundo a forma, há dois tipos principais de geleiras: geleiras de vales ou alpinas, que são assim chamadas por se confinarem aosvales e terem sido estudadas em pormenor, pela primeira vez, nos Alpes, e as geleiras continentais, também chamadas de geleiras de latitude ou inlândsis, que são calotas de gelo que cobrem extensas superfícies e fluem radialmente sob a ação de seu próprio peso, independente da topografia subjacente. A maioria dos conceitos neste artigo aplica-se igualmente para as geleiras de vales e continentais.

Uma geleira temperada (ou morna) está em zonas em que a temperatura é próxima do ponto de fusão durante todo o ano, a partir da superfície para o fundo da geleira. O gelo nas geleiras polares (ou frias) está sempre abaixo do ponto de congelamento com maior perda de massa devido à sublimação. As geleiras subpolares (ou transicionais, subárticas) têm uma zona sazonal de fusão próxima à superfície e têm alguma drenagem interna, mas pouca ou nenhuma fusão basal.

As classificações térmicas das condições da superfície variam de tal modo que as zonas de geleiras são frequentemente utilizadas para identificar as condições de fusão. A zona de neve seca é uma região onde não ocorre fusão, mesmo no auge do verão. A zona de percolação é uma área com alguma fusão na superfície da geleira, mas a água percola alguns metros e recongela, formando lentes, camadas e glândulas de gelo. A zona de neve úmida é uma região onde toda a neve depositada desde o final do verão anterior estará a zero °C. A zona de gelo empilhado é uma zona onde a água de derretimento congela em crostas na geleira formando uma massa contínua de gelo.

As menores geleiras alpinas formadas nos vales das montanhas são chamadas de geleiras de vale. As geleiras maiores podem cobrir uma montanha inteira, uma cadeia de montanhas ou até mesmo um vulcão; este tipo é conhecido como calota de gelo. Calotas de gelo alimentam geleiras de descarga, línguas de gelo que se estendem pelos vales abaixo, longe das bordas dessas grandes massas gelo. As geleiras de descarga são formadas pelo movimento do gelo da calota polar, ou de uma calota de gelo das montanhas da região, em direção ao mar.

A geleira Spegazzini, na Argentina. Uma geleira de maré desprendendo massas de gelo.

As maiores geleiras são os mantos de gelo continental, enormes massas de gelo que são visivelmente afetados pela paisagem e abrangendo toda a superfície abaixo deles, exceto possivelmente às bordas onde são mais finos. Atualmente os mantos de gelo continental só existem na Antártica e na Groenlândia. Essas regiões contêm grandes quantidades de água doce. O volume de gelo é tão grande que se o manto de gelo da Groenlândia derretesse, ele elevaria o nível dos oceanos cerca de seis metros (20 pés) ao redor do mundo. Se o manto de gelo antártico derretesse, o nível dos oceanos subiria cerca de 65 metros (210 pés).

As geleiras de planalto lembram o manto de gelo, mas em uma escala menor. Elas cobrem algumas áreas de planaltos e grandes altitudes. Este tipo de geleira aparece em muitos lugares, especialmente na Islândia e em algumas das maiores ilhas do Oceano Ártico, e em todo o norte da Cordilheira do Pacífico desde o sul da Colúmbia Britânica até o oeste do Alasca.

As geleiras de maré são geleiras que terminam no mar, geralmente em um fiorde. A frente é na forma de uma falésia de gelo de onde se separam icebergs. A maioria das geleiras de maré desprende essas grandes massas de gelo acima do nível do oceano, o que frequentemente produz um tremendo impacto na superfície da água ao serem atingidas pelos icebergs. Se a água é profunda, as geleiras podem desprender essas grandes massas de gelo sob a superfície da água, fazendo com o iceberg surja repentinamente na superfície.

 

Formação

Fotografias com baixo e alto contraste da geleira Byrd. A versão de baixo contraste é similar em nível de detalhe ao que seria visto a olho nu e quase sem os rasgos característicos. A fotografia inferior utiliza um contraste aumentado para destacar as linhas de fluxo da camada de gelo e nas fendas inferiores.

As geleiras se formam em áreas onde se acumula mais neve no inverno que a que se derrete no verão. Quando as temperaturas se mantêm abaixo do ponto de congelamento, a neve caída muda sua estrutura já que a evaporação e a recondensação da água causa a recristalização para formar grânulos de gelo menores, espessos e de forma esférica. Este tipo de neve recristalizada é conhecido por nevado. À medida que a neve se acumula e se converte em nevado, as camadas mais profundas são submetidas às pressões cada vez mais intensas. Quando as camadas de gelo e neve têm espessuras que alcançam várias dezenas de metros, o peso é tal que a nevada começa a desenvolver cristais de gelo maiores.

Nas geleiras, onde a fusão se dá na zona de acúmulo de neve, a neve pode converter-se em gelo através da fusão e o regelo (no período de vários anos). Na Antártida, onde a fusão é muito lenta ou não existe (inclusive no verão), a compactação que converte a neve em gelo pode demorar mil anos. A enorme pressão sobre os cristais de gelo faz que estes tenham uma deformação plástica, cujo comportamento faz com que as geleiras se movam lentamente sob a força da gravidade como se tratasse de um enorme fluxo de terra.

O tamanho das geleiras depende do clima da região em que se encontram. O equilíbrio entre a diferença do que se acumula na parte superior com respeito ao que se derrete na parte mais profunda recebe o nome de equilíbrio glacial. Nas geleiras de montanha, o gelo vai-se compactando nos circos glaciários, que nada mais são do que depressões em forma de nicho, de bordas escarpadas, nas altas montanhas. No caso das geleiras continentais, o acúmulo acontece também na parte superior da geleira, mas é uma consequência mais da formação da escarcha branca, isto é, da passagem direta do vapor d'água do ar ao estado sólido pelas baixas temperaturas das geleiras, que pelas precipitações de neve. O gelo acumulado comprime-se e exerce uma pressão considerável sobre o gelo mais profundo. Por sua vez, o peso da geleira exerce uma pressão centrífuga que provoca o empuxo do gelo até a borda exterior da mesma onde se derrete; a esta parte é dado o nome de área de ablação.

Formação do gelo glaciário.

Nas geleiras de vale, a linha que separa estas duas áreas (a de acumulação e a de ablação) chama-se linha de neve ou linha de equilíbrio. A elevação destas linhas varia de acordo com as temperaturas e a quantidade de neve precipitada e é muito maior nas vertentes ou ladeiras que nas regiões de menor incidência solar. O avanço ou retrocesso de uma geleira está determinado pelo aumento da acumulação ou da ablação respectivamente. Os motivos deste avanço ou retrocesso das geleiras podem ser, obviamente, naturais ou humanas, sendo estes últimos os mais evidentes desde 1850, pelo desenvolvimento da industrialização já que o efeito mais observado da mesma é a enorme produção de anidrido carbônico ou dióxido de carbono (CO²) o qual absorve grandes quantidades de água (diretamente das geleiras próximas) para formar o ácido carbônico, com o que as geleiras de vale vão retrocedendo.

É o caso das geleiras alpinas europeias, em cujas proximidades localizam-se grandes indústrias que consomem grandes quantidades de combustíveis que geram esse dióxido de carbono. E as geleiras da Groenlândia e da Antártida resultam muito mais difíceis de medir, já que os avanços e retrocessos da frente podem estar compensados por um maior ou menor acumulação de gelo na parte superior, representando uma espécie de ciclos de avanços e retrocessos que se retroalimentam mutuamente dando origem a uma compensação dinâmica nas dimensões da geleira. Em outras palavras: uma diminuição da altura da geleira da Antártida, por exemplo, poderia gerar um maior empuxo para fora, e ao mesmo tempo, uma maior margem para que se acumule de novo uma quantidade de gelo similar a que existia anteriormente: recordemos que esta altura (uns três quilômetros) está determinada pelo equilíbrio glaciário, que tem uma espécie de teto determinado sobre o qual não se pode acumular mais gelo pela escassa quantidade de vapor d'água que tem o ar a mais de 3.000 metros.

A morfogênese glaciária se dá pelo processo de modificação do relevo através do depósito ou vazão do gelo de determinado local, podendo inclusive alterar a estrutura e formato da rocha ou montanha.